Qual é o seu segredo, Medellín?

Não é uma tarefa fácil construir cidades mais inclusivas.  A cidade de Medellín, no entanto, nos deixa com um pouco de esperança. Quando vemos notícias e mais notícias da cidade sendo eleita como “City of the year” (2013), sede do Fórum Urbano Mundial da ONU Habitat (2014) e recebendo recentemente o destacado Lee Kuan Yew World City Prize, é natural questionarmos e desejarmos compreender qual é o segredo de sua transformação e do tal do seu “urbanismo social”. Isso foi o que me motivou a escolhê-la como destino, por um pouco mais de um ano.  

[fusion_builder_container hundred_percent=”yes” overflow=”visible”][fusion_builder_row][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”]

Vista do Metrô para o Parque Explora, construído em 2005. Fonte: Mariana Morais, 2016

Quando cheguei em Medellín, percebi que não seria tão simples compreender as dinâmicas que motivaram e possibilitaram que essas transformações ocorressem. Afinal, não é fácil: Ser latino-americana, ter sua população quadruplicada em um curto período, situar-se em um vale, ter seu território urbano desenvolvido nos desdobramentos da cordilheira andina, ter sua história marcada por disputas armadas e pelo narcotráfico, e ser uma das cidades colombianas que mais recebe campesinos vítimas de conflitos armados, com os quais tive o prazer de trabalhar.

Os índices de criminalidade da cidade atingiram níveis inadmissíveis no final do último século.  Algo precisava ser feito, não era justo que sua população carregasse nas costas o peso de viver na cidade mais perigosa do mundo. Nesse momento, instituições da sociedade civil, do setor privado, do setor público e acadêmico se reuniram em um processo de reflexão sobre o futuro da cidade e de sua região metropolitana. Uma troca de paradigma acontece: Cresce o desejo de se transformar a imagem da cidade para que ela se torne competitiva no mercado mundial e mudanças na concepção de desenvolvimento econômico da cidade ocorrem. O processo de formulação de um Plano Estratégico de Desenvolvimento é apoiado no planejamento territorial, no qual o espaço público ocupa um papel preponderante como agente transformador e de inclusão social. Com isso, normas são desenhadas para regulamentar a vida cotidiana de seus cidadãos nos novos espaços coletivos implementados.

[/fusion_builder_column][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”]

Parque de los Pies Descalzos, construído entre os anos 1998 e 2000. Fonte: Mariana Morais, 2015
Parque de los Pies Descalzos, construído entre os anos 1998 e 2000. Fonte: Mariana Morais, 2015

Surge uma visão multidisciplinar na maneira de compreender os projetos urbanos e a população começa a estar no centro dessas propostas.  Os PUIs – Proyectos de Urbanización Integrales, buscavam integrar as áreas de transporte, saúde, espaço público e educação. As administrações municipais começaram a utilizar slogan para sintetizar os objetivos de suas ações. Medellín foi “Ciudad Viva, Ciudad Botero”, foi “Medellín Competitiva” e foi “Medellín la más educada”, na administração de Sergio Fajardo (2000-2004). Nesse período, o objetivo era claro: “levar o melhor para os mais pobres”. Muitos projetos foram desenvolvidos em áreas estratégicas da cidade, em bairros caracterizados pela vulnerabilidade física e social, conectados por transporte público, atuando como centros de desenvolvimento social e cultural. A taxa de homicídios baixou cerca de 70%.

[/fusion_builder_column][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”]

Vista da Comuna 13, que foi uma das mais perigosas da cidade e onde foram construídas as emblemáticas escadas rolantes da cidade. Fonte: Mariana Morais, 2015.
Vista da Comuna 13, que foi uma das mais perigosas da cidade e onde foram construídas as emblemáticas escadas rolantes da cidade. Fonte: Mariana Morais, 2015.

Questões e contradições surgem em meio a este laboratório urbano a céu aberto. Para que estas obras fossem construídas, muitas famílias foram desalojadas, conflitos ocorreram e muitos símbolos históricos da cidade foram demolidos, como se realmente existisse o desejo de se apagar o passado e se limpar essa cidade. Muitos questionam para quem realmente são estas mudanças e se a preocupação em “vender” a cidade não é mais forte que o desejo de realmente criar um território inclusivo. Afinal, toda essa inovação ainda não chegou para todos e a cidade continua apresentando um índice alto de desigualdade social e déficit habitacional.

De uma coisa, no entanto, podemos ter certeza: Medellín merece nossos aplausos por reagir. Em Medellín, o desenho urbano e a arquitetura não foram apenas ferramentas de ações urbanas, mas ousaram a propor mudanças sociais, econômicas e políticas. Suas transformações não só conquistaram todo o mundo, como devolveram a cidade aos seus cidadãos.  Talvez, a fórmula mágica de suas ações esteja em ter baseado suas propostas políticas no redundante termo “urbanismo social”. Ora, todo urbanismo deveria ser social, não? Talvez, a fórmula mágica tenha sido perceber que no fundo do problema, está a solução, e em acreditar que é possível se reinventar.

E nós, será que precisaremos chegar ao caos extremo para poder começar a agir?[/fusion_builder_column][/fusion_builder_row][/fusion_builder_container]

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin

Curta nossas publicações e compartilhe

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin

CATEGORIAS

FIQUE LIGADO

Assine a nossa Newsletter e receba todas as novidades!

POSTS POPULARES