incredible edible é exemplo de transformação de não lugar

Do não-lugar ao lugar: 03 exemplos de ativação urbana

Lugar e não-lugar. Qual a diferença? Bem, certamente existe um, ou mais lugares com os quais você se identifica, seja pela paisagem ou por algum significado particular: pode ser um bosque, uma praça, uma praia, sua casa ou até mesmo o seu local de trabalho. Certo? 

Do mesmo modo, existem espaços nos quais você transita ou perpassa todos os dias para chegar aos seus destinos favoritos, porém não estabelece esses mesmos vínculos: pode ser uma estrada, um ponto de ônibus, uma calçada ou uma estação de metrô. A esses, dá-se o nome de não-lugar, conceito bastante difundido na década de 1990 pelo antropólogo francês Marc Augé

Compreender o não-lugar é essencial para quem se preocupa com o futuro das cidades, porque, segundo Augé, há uma tendência cada vez maior em deixarmos de dar significado aos espaços e às coisas, de maneira que os espaços públicos mais movimentados, onde as pessoas se concentram em maior número, consequentemente se tornam menos valorizados. Esses espaços, que são de todos e, ao mesmo tempo, de ninguém, são os não-lugares contemporâneos.

Apesar do alerta amarelo, existe muita gente boa por aí procurando transformar o não-lugar em lugares de fato, recheado de significados, símbolos e histórias. Por isso, a gente separou três iniciativas gringas muito bacanas que sensibilizam, provocam e convidam as pessoas a colaborar e compartilhar sentidos, usos e novas identidades para estes espaços vazios de significado:

 

1. Playing for a Pocket Change

O Playing for a Pocket Change é uma webserie documental sobre músicos de rua que fazem das estações de metrô de Nova York palco para apresentações. Essa série de vídeos é um excelente ponto de partida para refletir sobre manifestações espontâneas que ajudam a dar sentido e identidade a um local de passagem.

Ao investigar quem são essas pessoas e por quais motivos elas levam arte ao não lugar, o Playing for a Pocket Change propõe uma reflexão pertinente: o que nós levamos e deixamos dos espaços pelos quais transitamos? E como isso impacta o nosso dia a dia?

 

2. Stairway Cinema

Algumas almofadas espalhadas sobre uma escada coberta por um toldo no qual curtas-metragens são projetados, e o não-lugar da esquina comum se transforma em um aconchegante cineminha. Essa instalação experimental é iniciativa do premiado Oh.No.Sumo, coletivo de quatro arquitetos de Auckland (Nova Zelândia) que visa provocar os limites do design tradicional através de trabalhos criativos e colaborativos, focados sempre em promover a participação ativa das pessoas.

No caso do Stairway Cinema, o engajamento acontece tanto no ambiente virtual, como no físico: a curadoria dos filmes é feita pelo público, através das redes sociais. Segundo os criadores, “a experiência individual é substituída por uma comunal e social, levando a uma experiência divertida, arquitetonicamente moldada e compartilhada”.

 

3. Incredible Edible

E se, ao invés de blocos de concreto e mobiliário urbano ecológico, a paisagem de nossas ruas, esquinas e calçadas fosse configurada por pequenas hortaliças? Essa é a ideia do Incredible Edible (O Incrível Comestível, em português),  projeto que mistura paisagismo e agricultura urbana liderado pela ativista comunitária Pam Warhurst em 2008, na pequena Todmorden, cidade localizada no norte da Inglaterra que possui apenas 15 mil habitantes. 

A ideia de transformar todos os canteiros e espaços vazios em jardins vegetais gerou uma paisagem urbana baseada em verduras, legumes e ervas, colorindo, aromatizando e criando uma relação bastante íntima entre transeuntes e o (não)lugar.

Hoje há mais de 700 grupos filiados ao Incredible Edible replicando essas ideias ao redor do mundo. Ah, e acesso aos vegetais é gratuito, ou seja, além de produzir uma relação de identidade entre morador e lugar, estimula, também, uma cultura de alimentação mais saudável e ecologicamente consciente.

Criatividade, sensibilidade e colaboratividade. Com essas premissas, são infinitas as possibilidades de transformar um espaço urbano vazio de significado em um lugar cheio de atitude, identidade e simbologias que enriquecem a experiência urbana de todos nós. O que podemos fazer pelos não-lugares de nossas comunidades?

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