4° COURB: contribuições vindas do Norte do Brasil para a construção colaborativa das cidades

Para o Instituto COURB, um dos momentos mais esperados do ano é o Encontro de Urbanismo Colaborativo! É a oportunidade que temos de reunir pessoas interessadas e engajadas na transformação de nossas cidades por todo o Brasil,  Este ano estivemos pela primeira vez no Norte do país. A cidade de Belém do Pará foi a sede do 4° COURB, que aconteceu no final de Setembro e proporcionou três dias intensos de capacitação, trocas e articulações com diferentes atores urbanos. 

Um evento realizado colaborativamente 

Como parceiro local e co-organizador desta edição, contamos com o Laboratório da Cidade – organização que se propõe a repensar a cidade a partir de uma fábrica de ideias e transformações inovadoras e colaborativas. Contamos, ainda, com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado do Pará, da UFPA, do CAU/PA e do CCBEU. 

Um dos pilares do encontro é ampliar nacionalmente a temática do Urbanismo Colaborativo. Tendo isso em mente, realizamos este evento de maneira itinerante, com edições anteriores em Curitiba/PR, Brasília/DF e Fortaleza/CE. A cada ano, notamos um crescimento nas atuações dos grupos e coletivos assiduamente presentes nas edições. 

Tomadores de decisão representando a inovação e colaboração na gestão pública 

Um destaque deste ano foi a presença de diversos representantes do poder público, em especial, do Norte e Nordeste, como o Tullio Ponzi e Murilo Cavalcanti (Prefeitura de Recife) os quais trouxeram perspectivas e impactos de seus projetos de inovação urbana, cidadania e segurança pública. Também representando o Nordeste e compartilhando uma rica experiência de fazer coletivo impulsionada pela Prefeitura do Conde, tivemos a presença do Secretário de Planejamento Urbano Flávio Tavares.

Foto: Hannah Maués | Painel 1: Reflexões sobre a cidade de Belém

Vale a pena destacar a presença de Úrsula Vidal, Secretaria de Cultura do Estado do Pará, que já na mesa da abertura trouxe várias provocações sobre o viver e compartilhar a cidade, inaugurando e aquecendo a discussão que permeou todo o evento. Outro belenense que marcou presença na primeira manhã foi o Secretário do Estado do Pará Ricardo Ballestreri. Em sua fala, contextualizou e debateu sobre o programa Território da Paz, que abarca ações de segurança pública voltadas ao desenvolvimento da cidadania e inclusão social. Do Sudeste, a arquiteta Livia Lazaneo contribuiu trazendo várias iniciativas implantadas pela Prefeitura de Limeira, como o banco de obras colaborativo. 

Falas potentes e inspiração sobre o agir em  nossas cidades 

Dando visibilidade para quem movimenta  espaços públicos e promove ações de urbanismo colaborativo, na tarde do primeiro dia realizamos a mostra de projetos, com mais de 20 projetos, de todas as regiões do país. Para saber mais, acesse esse post com os projetos participantes. 

Para compartilhar práticas de urbanismo colaborativo, a Universidade também se fez presente, discutindo seu papel e compromisso com a formação cidadã, nas falas expressivas das professoras Michelle Morais (UFSM), Camila Miranda (UNAMA-Ananindeua) e Roberta Rodrigues (UFPA), que trouxeram à discussão temáticas relacionadas a função social do arquiteto.Entre suas contribuições, abordaram a potencialidade dos projetos de extensão no desenvolvimento do urbanismo colaborativo, bem como uma contextualização da realidade de Belém e os desafios que as iniciativas intersetoriais que buscam a efetividade e justiça social enfrentam. 

Foto: Hannah Maués | Mesa de abertura 

Ampliando a força nessa massiva representatividade feminina e se fazendo presente nos painéis do evento, contamos com representantes do terceiro setor de diferentes regiões do país. Manuella Carvalho, do MOB em Brasília, destacou como a participação assídua nos encontros COURB impactou em sua atuação e as oportunidades do fazer colaborativo para movimentar o território. 

Trazendo uma iniciativa cultural como veículo de mobilizar, discutir e experimentar a cidade, a Tamara Saré, do projeto circular de Belém, inspirou com a trajetória do movimento e as diversas conquistas! Também de Belém a Ana Cyrus do Engajamundo trouxe as intervenções ambientais vinculadas a ODS sendo realizadas pelo movimento. Por sua vez, Laura Sobral, da Cidade precisa de você em São Paulo, explorou os desafios para a colaboração com foco na pluralidade e como é essencial que cada um dos atores cumpra o seu papel para o enfrentamento a desigualdades sociais.  

Outra contribuição importante foi a feita por João Meirelles, do Instituto Peabiru, por abordar a questão ambiental junto ao espaço urbano. Trabalhando com as temáticas ribeirinhas, fez uma provocação no sentido de usar as potencialidades locais no planejamento urbano, ao invés de copiar soluções prontas e discutiu, ainda, como isso poderia se aplicar ao caso de Belém. Por fim, destacou a importância de fazer parte das associações locais para efetuar mudanças significativas na construção das cidades.

Experimentações e a construção coletiva na prática 

Na manhã do segundo dia, foram realizadas oficinas que trouxeram coletivos e acadêmicos para capacitar o público com ferramentas – por exemplo, o Coletivo ParáCiclo fez uma roda de conversa sobre mapeamento colaborativo de ciclistas e o Coletivo Biowit discutiu a permacultura como forma de ativismo e de se ocupar a cidade. Com a infância em foco, o Coletivo Massape de Recife conduziu a atividade “Do meu tamanho”, pensando cidades com crianças e para exercitar a ferramenta dos diagramas afetivos, o pessoal da Unoeste liderou uma oficina que possibilitou o desenho da expressão das dinâmicas coletivas, além de oficinas de mobilização de redes e do sistema SALIC para projetos culturais. 

Foto: Hannah Maués | Oficina Massapê: Pensando cidades com crianças 

Para encerrar o segundo dia, ocorreu o lançamento da Rede Brasileira de Urbanismo Colaborativo composta por grupos de diferentes partes do Brasil que objetivam potencializar e catalisar iniciativas locais de urbanismo colaborativo pelas distintas cidades do país.

A colaboração se constitui como o fio condutor do Encontro e durante os painéis, oficinas e mostra de projetos, ainda tivemos a participação de muitas organizações e pessoas trazendo suas perspectivas. O encerramento do segundo dia, no coreto da praça foi triunfal: teve Carimbó, canto e muitos abraços, embalados pela chuva de Belém. 

Foto: Hannah Maués | Encerramento no coreto da praça João Batista em Belém/PA 

Na manhã do último dia, vivências ocuparam as ruas do Largo São João Batista, no centro de Belém. . Os participantes, instruídos pelo Laboratório da Cidade, movimentaram o local com a produção de mobiliários e elementos que chamam a atenção dos caminhantes. Além disso também aconteceu a dinâmica co-criando futuros coletivos, sob os cuidados do coletivo A cidade precisa de você.

Vivência com a personagem Matinta Encantada 

Pela tarde, imersos em meio a natureza da Ilha do Combu, ocorreu o momento final de celebração, com apresentação cultural da Matinta Encantada, personagem do folclore local reinventadoa pela moradora de Belém Maria Borges, que, com um texto e performance impressionantes, arrancou muitos sorrisos e lágrimas ao colocar o sofrimento da floresta e a necessidade de proteção como centro das atenções. 

Momento de integração na Ilha do Combu 

Com a finalização do evento, materializamos a percepção de como os laços e movimento pelo urbanismo colaborativo no Brasil são fortalecidos a cada ano. A partir das trocas que ocorreram no Pará, os participantes de outras cidades puderam retornar para as suas regiões com a possibilidade de acionar uma rede de representantes de organizações, universidades e  do setor público que atua em temática convergente nas suas regiões.

Para seguir o ciclo e cobrir as 5 regiões, ano que vem o 5° COURB acontecerá na região Sudeste, e seu planejamento  já conta com diversas ideias e propostas de parcerias para sua realização. Seguimos colaborando!