a economia local das cervejarias

Como as microcervejarias revitalizaram economias locais nos EUA

A globalização gera muitos efeitos no nosso dia a dia. Um dos mais perceptíveis é a apropriação das particularidades da economia local, distorcendo e alterando os valores culturais e comportamentais do lugar.

A singularidade do comércio de rua virou franquia de shopping center. O sabor do prato típico foi temperado pelo fast-food. E as cidades vão ficando, cada vez mais, iguais umas às outras. 

Entretanto, você sabia que uma das 100 tendências urbanas apontadas pela BMW Guggenheim Lab vai na contramão desse processo? O neo-localismo é um fenômeno que vem impulsionando a economia local através do resgate da identidade do lugar. Entenda:

A escala local como tendência urbana

Basicamente, neo-localismo é um modelo que se refere às ações pensadas para fortalecer a economia de uma região a partir de suas próprias heranças e memórias. Na prática, trata-se de uma abordagem mercadológica que contrapõe o enfadonho processo de pasteurização da vida, decorrente da globalização.

Foi em 2009 que o geógrafo norte americano Wes Flack rebatizou o termo (já bastante debatido no mundo acadêmico), para explicar o fenômeno das microcervejarias nos EUA. Uma das grandes marcas da economia local yankee no Século XIX, elas foram aos poucos sendo engolidas pela industrialização do país. Já na década de 1970, existiam menos de 100 pequenas fábricas de cerveja artesanal abertas. Quer um retrato mais apropriado da força da globalização?

Ao fim da última década, época onde Flack apresentou seus estudos, estimava-se haver 1500 fabriquetas em operação – revelando o grande boom das microcervjarias. E de acordo com o último levantamento da Associação Americana de Cervejeiros, em 2015 esse número passou de 4000.

A revolução vinda do Marketing

Modismo ou não, o fenômeno também revelou a ocorrência de uma dinamização das economias locais. Mas não se engane: por ser uma estratégia de captura de mercados locais, obviamente estamos falando de marketing. Ou seja, objetivando única e exclusivamente o lucro. Um marketing, porém, com boas intenções.

A estratégia é simples: resgatar alguma característica particular, ou memória intrínseca à região onde estão inseridas as cervejarias. Depois, reinserir essa herança a uma nova geração de consumidores locais, na forma de cerveja. Ou melhor, no nome, rótulo e propaganda da cerveja.

Mas isso é mais do que uma estratégia de marketing bem sucedida. Ela não apenas chama a atenção da população de uma região, como também adquire o poder de educar as pessoas sobre a sua própria cidade. Um interessante casamento de valores: as marcas que valorizam o local, e os consumidores locais que valorizam a marca.

Sem querer, mas querendo, o neo-localismo das microcervejarias locais despertou o senso de pertencimento dos consumidores.

cervejarias movimentam a economia local

Além da microcervejaria para uma nova economia local

Nós fomos acostumados a pensar que o desenvolvimento econômico local está ligado à atração de indústrias, apoio aos megaempreendimentos, ou até mesmo à revitalização de áreas urbanas centrais causadoras da gentrificação, conforme já discutimos anteriormente.

Mas não é 100% verdade. Não é a única alternativa.

Embora sejam modelos geradores de empregos e oportunidades, eles representam o lobby de grandes investidores (locais ou não) em combinação à atuação do poder público. É um modelo de desenvolvimento que trata as potencialidades locais como meras coadjuvantes do ator principal: o capital financeiro.

Em contrapartida, o case de sucesso das microcervejarias americanas revela uma possibilidade de transformar atores locais – como os pequenos empreendedores – em protagonistas da dinamização da economia local. Aposto que enquanto lia esse texto, você lembrou de algum exemplo que segue ou poderia seguir o mesmo caminho, não é?

O neo-localismo pode ser uma alternativa viável para alguns setores, e uma política municipal que incentive este modelo é o primeiro passo para torná-la realidade.

Agricultura urbana, culinária típica, mobilidade, cena artística, tecnologia, turismo… Qual é a demanda da sua cidade? Aproveite as eleições e proponha esse debate ao seu candidato!

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